Eu
quero contar uma história que com o tempo se passou.
Era um
homem muito pobre, mas muito trabalhador,
Construiu uma casinha, que ele mesmo levantou.
Era um
grande roceiro, trabalhava o ano inteiro, derramando seu
suor.
Era um
homem casado e uma filha ele criou
Mas a
mulher que mais amava, adoeceu e Deus tirou.
Mesmo
assim ele foi lutando e nunca desanimou,
Esperança ele tinha, sempre junto com a filhinha, a vida
continuou.
Junto
com a filhinha, a vida continuou,
Mas no
decorrer do tempo a sua vida mudou,
Resolveu casar de novo, e de novo se casou.
Ele
não teve pensamentos, com seu novo casamento, da filha
não lembrou.
Com
seu novo casamento, da filha não lembrou,
Era
uma vida nova, a nova vida começou.
Só que
o pai não sabia, e a filha nunca contou,
Aquela
mulher amada castigava a enteada, pois dela nunca
gostou.
Ela
castigava a enteada e dela nunca gostou.
A
esposa trazia no peito muito ódio e rancor.
A
menina sofria calada, para o pai nunca contou.
Por
esse capricho o pai chegou do serviço, deu um abraço e
beijou.
O pai
chegou do serviço, deu um abraço e beijou.
Madrasta ficou com ódio, que seu coração fechou.
Era
uma mulher alegre mas à noite não conversou.
Naquela manhã de orvalho, o marido foi pra o trabalho, a
menina ela chamou.
A
coitada da inocente a madrasta acompanhou.
Aí
perto passava um rio e na ponte ela parou,
Deu um
empurrão na menina e no rio ela jogou.
Deus
faz tudo direitinho, a menina tinha um cachorrinho que
sempre lhe acompanhou.
Ela
tinha um cachorrinho que sempre lhe acompanhou.
Quando
ela caiu na água ele também se jogou,
Pelas
tranças do cabelo que o cachorro pegou.
O
cachorro foi segurando, a menina levantando, em pouco
tempo a salvou.
Menina
voltou pra casa e o cachorro acompanhou,
Chegando perto da casa, a madrasta ela chamou.
A
mulher abriu a porta e quase desmaiou.
Ela
sentiu tanta aflição, com dor no coração pelo ato que
praticou.
A
mulher, desesperada, não agüentava tanta dor,
Resolveu sair de casa, onde o crime praticou.
Chegando no mesmo lugar, no mesmo rio se jogou.
Pela
lei divina, menina foi pra cima e a madrasta se afundou.
A
menina foi pra cima, a madrasta se afundou,
Esta é
a lei divina, do Mestre Salvador,
Pelo
próprio cachorrinho que a menina se salvou.
Agora
ele está arrependido, mesmo assim é querido pela filha
que criou.
Mesmo
assim é querido pela filha que criou.
O que
ele não sabia, o próprio mundo lhe ensinou,
A
madrasta tinha ódio, o cachorrinho tinha amor.
Por isso que eu sempre digo, mais vale um cachorro amigo
do que um amigo traidor.
Antonio Orlando Basso |